Ainda hoje a crucificação de Jesus Cristo é lembrada por todos que já ouviram falar nesse Nome. A morte na cruz foi tão marcante na história que muitas pessoas costumam associá-la com o próprio Cristo. Praticamente não existe uma pessoa que ao ouvir o substantivo cruz não pense no Verbo Vivo: Jesus Cristo de Nazaré, o Pai da misericórdia.
Talvez o dia estivesse com ar sombrio como nos filmes sensacionalistas, ou talvez a paisagem estivesse exuberante e bela. Na verdade pouco importa a aparência que aquele dia demonstrava. Com certeza aquelas pessoas estavam hipnotizadas por aquele coro: Crucifica-o, crucifica-o (Lc 23:21). Alguns eufóricos faziam parte dos que gritavam. Outros estavam assustados com o que ouviam. Porém todos, com certeza todos não pensavam nem reparavam nada além daquele julgamento que entraria para a história do universo para todo o sempre.
Jesus Cristo estava sendo crucificado para salvar aqueles que o haviam condenado. Seu sangue escorria para salvar os que o transpassaram com lanças. Não é possível entender como, mas a inimaginável dor que sentia não o despertava ódio nem sede de vingança. Muito pelo contrário, em seu último ato de “loucura”, Jesus Cristo surpreendeu a todos quando retribuiu amor aos que o assistam sangrar satisfeitos. Ele expressou a frase que jamais seria repetida por ninguém (não nesse contexto e significado). No ápice da dor e o terrível experimento da cruz, o Nazareno proferio, queimando em paixão: Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem (Lc 23:34).
O Filho sabia que o Pai estava assistindo a todo aquele massacre, e como que ignorando sua própria dor, toma o cuidado de lembrar a seu Pai para não considerar os atos daqueles que queriam seu mau. Acredito que Jesus queria dizer: Pai, eu sei que Tu me amas, e sei o quanto está sofrendo a me ver nessa situação. Mas nós somos o próprio amor meu Pai, precisamos perdoar esses pobres coitados que, por ignorância, ferem o meu corpo. Eu escolhi está aqui porque os amos e o Senhor também os amam. Este é o cálice necessário para a salvação desse povo. E esta foi a nossa vontade.
Que homem é Este que nem a dor ou a morte o abalam? Jesus escolheu morrer para nos salvar. Talvez essa decisão não tenha sido muito significativa. Nós pecadores decidimos nos sacrificar pelo bem dos outros, inúmeras vezes. Quantas vezes já proferimos frases como: Se for preciso eu dou a minha vida por você? Com certeza, várias! O problema começa quando a promessa se torna realidade. Quantos cumprem o que prometeu? Mesmo quando, em pouquíssimos casos, chegam a cumprir, com certeza já não dispõe da mesma convicção. O medo quase sempre sufoca o amor nos corações dos homens.
Mas com Jesus foi diferente, Ele mostrou-se constante em seus ideais do início ao fim. O amor do Messias foi maior que seu medo. Não que Ele não tenha sentido medo. Sentiu e muito. O medo que Jesus sentiu foi tão grande que o levou a conversar com o Pai mais de uma vez sobre o mesmo assunto: Meu Pai, se é possível, passe de mim este cálice; todavia, não seja como eu quero, mas como tu queres. (…) E, indo segunda vez, orou, dizendo: Pai meu, se este cálice não pode passar de mim sem eu o beber, faça-se a tua vontade (Mt 26:39 e 42). Mas em todo o momento Ele decidiu: “faça-se a tua vontade”.
Algumas pessoas podem interpretar esta passagem como um deslize nos ideais do Mestre. Eu vejo como um desabafo. Jesus estava angustiado (quem não estaria?), Ele era homem como eu e você e sabia o que o esperava. Precisava conversar com alguém. Jesus conversou com Seu Pai e, assim como nós o fazemos, comentou sobre o que o atormentava. Chegou a perguntar se havia alguma outra forma de resolver aquela situação. Mas sabendo que não havia, continuou firme: “faça-se a tua vontade”.
Nem a dor, nem o medo, nem a morte puderam abafar o amor daquele que sofreu também por nós. E também quando nós o ferimos com nossos pecados continua a lembrar ao Pai: “perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem”. Cabe a nós aceitarmos Seu perdão ou caminharmos para a morte. Cabe a nós escolhermos Cristo ou Barrabás. Quantos de nós estamos dispostos a viver de maneira que nem a dor, nem o medo, nem a morte possam nos afastar daquele que nos amou primeiro?