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O Antigo Testamento é importante?

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Introdução
Ante a proposta de conhecer a teologia bíblica, encontramos sempre um grande desafio. O desafio de compreender os princípios da palavra de Deus.
Ao longo dos anos informações foram reunidas em manuscritos e rolos; com o passar do tempo foram considerados sagrados. A reunião dos livros da lei, é chamado de torah mais tarde com a inclusão dos demais livros que hoje formam o antigo testamento, foi instituída a Bíblia hebraica (que nada difere do antigo testamento que usamos hoje, salvo pela posição de alguns livros).

Com a vinda de Jesus, e a posterior literatura desenvolvida com o objetivo de registrar o ministério terreno de Jesus, deu-se o novo testamento; totalmente escrito em grego e com o objetivo primas de registrar o evangelho de Jesus, ou seja, registrar a nova aliança com o povo. Desta vez não uma aliança através da lei, mas agora através da graça; não o perdão dos pecados através do sacrifício de um cordeiro, mas a justificação (tornar-se justo) através do sacrifício de Jesus na cruz.
A reunião destes livros, os cristãos chamam de Bíblia Sagrada, ou seja, o Antigo e Novo Testamento em um único volume. Ao conceituar o antigo testamento como o registro da aliança que foi feita com o povo de israel, e o novo testamento como o registro da graça através de Jesus, parece razoável que o antigo testamento tenha perdido seu valor; sendo então necessário apenas o novo testamento para o cristão de hoje. Qual a relevância deste pensamento? Está correto desconsiderar o Antigo testamento?
Este trabalho visa determinar a relevância dos antigo testamento para os dias de hoje. Se ele ainda existe em nossas bíblias, iremos identificar se existe algum valor além do histórico. Qual a importância do antigo testamento para os cristãos da atualidade e se é válido ou não o uso do antigo testamento no culto público, na eucaristia e no sermão religioso.

 


A bíblia como livro histórico
Enquanto é um livro sagrado para os cristãos, a Bíblia se torna um manual de regra, fé e prática. Não que a bíblia seja o centro da fé, mas, se ela é tomada como inspirada por Deus, torna-se a melhor fonte de informação em relação a fé e Deus.
Outrossim, antes de ser um livro sagrado, a bíblia é um livro histórico e deve ser respeitado pelo seu valor histórico e cultural. A bíblia é a única fonte histórica de vários lugares, montes, rios e povos que hoje não existem, ou pelo menos, não se sabe a localização exata nos dias de hoje.
Por inúmeras vezes a arqueologia encontrou vestígios de civilizações hoje extintas, e que somente na bíblia estão registradas. Para citar apenas um exemplo, no dia 27 de Abril de 2010 o jornal Estadão publicou a matéria: “Arqueólogos afirmam ter encontrado a Arca de Noé na Turquia1”. Através do conhecimento da história bíblica, o monte Ararat (na turquia) é destino certo para muitos pesquisadores, e conforme as evidencias encontradas no alto do monte, pelo menos esta história bíblica será comprovada cientificamente.
Portanto, a Bíblia sagrada é reverenciada pelos cristãos de todo o mundo como um livro sagrado e de inquestionável importância religiosa, mas também deve ser respeitada por todos em virtude do seu alto valor histórico e cultural.
 

Uma visão geral da bíblia
Definir o conteúdo da bíblia em dois grandes volumes, a saber o antigo e novo testamento, está correto. O erro é conceituá-los como volumes independentes, ou que se opõem. Esta tese não encontra fundamento nos registros bíblicos e nem na história da nossa fé. Sabemos que a legislação judaica (leis para escravos, divórcios, sacrifícios) não se aplica a nós, no entanto, os atos de fé e o plano de Deus para o homem se estendem a todos.
Em poucas palavras iremos revelar a unicidade da palavra de Deus e o centro da narrativa bíblica. É esperado que ao final desta seção do artigo,  o leitor tenha uma visão panorâmica geral da bíblia.
Jesus, o centro da história
Assim como nosso calendário, que é dividido em antes e depois de Cristo (a.C \ d.C), a bíblia também está dividia desta forma. A narrativa bíblica apresenta Jesus como sendo o centro da narrativa bíblica.
O nascimento de Jesus abre a narrativa do novo testamento, especialmente os sinópticos Mateus e Lucas, tem a preocupação de revelar a genealogia de Jesus. Esta atitude consiste na necessidade de alocar Jesus na história dos Judeus. Mateus regride até Abraão, deixando claro que Jesus era judeu e da descendência de Abraão. Lucas é ainda mais audacioso e remete a Adão, ou seja, Lucas revela a genealogia de Jesus e retrocede até o primeiro homem, então, revela que Jesus não somente era da descendência de Abraão, mas também que é o filho de Adão, que é filho de Deus.
Os livros do Antigo Testamento profetizam a vinda do Messias; em cada um dos livros do antigo testamento é possível identificar (algumas vezes por figuras) a representação de Jesus e da sua importância para a humanidade. Como exemplo o texto de Gênesis cap 3, verso 15 diz “...entre a tua descendência e o seu descendente. Este te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar.” O termo “descendente”, no singular, faz referencia clara a pessoa de Jesus Cristo como descendente de Eva, e não toda a raça humana.
Em continuação a proposta do antigo testamento, os livros do novo testamento registram o ministério de Jesus através do evangelhos, enquanto os demais livros continuam a testificação da presença de Jesus na terra e a continuação do seu ministério terreno. Como exemplo deste testemunho da presença do Salvador, Lucas inicia o livro de Atos “relatando todas as coisas que Jesus começou a fazer e a ensinar.” (Lc. 1.1); o autor de Hebreus inicia a epístola atestando que, no passado Deus havia “ (…) falado aos pais, pelos profetas (...)”, e que nos últimos dias “(...) nos falou pelo Filho (...)” (Hb 1:1-2)
Portanto, se o objetivo é definir a Bíblia em poucas palavras, podemos resumir como o antigo testamento como a origem da terra e dos homens e a preparação para a chegada de Cristo. Logo o novo testamento como a testificação da vinda do Salvador, a revelação do evangelho da salvação para a humanidade, e o início do cristianismo.
 

A bíblia em um relance
De modo extremamente sucinto será apresentado um panorama das principais divisões da bíblia. São subdivisões dos livros do antigo e novo testamento.


Antigo Testamento
Como já foi revelado neste trabalho, o Antigo testamento narra a revelação do incio da humanidade com a criação de Deus, a história do povo de israel, e também o registro dos profetas que ao longo da história orientam o povo quanto a vontade de Deus. O decorrer da narrativa apresenta profecias e figuras de Jesus, enquanto é preparado o momento para a chegada do Messias. O Antigo testamento está dividido em:
 

Pentateuco
Aos 5 primeiros volumes da bíblia, chamamos pentateuco. São também chamados livros da lei. Ao todo são narrados: a criação, a história dos patriarcas e seu relacionamento com Deus, a chegada ao Egito através de José, a escravidão no Egito, a libertação através de Moisés, a caminhada no deserto durante quarenta anos e a instituição da lei. A narrativa acaba com a morte de Moisés as vias de chegarem a terra prometida.
Os livros são: Gênesis, Êxodo, Levíticos, Números e Deuteronômio.
 

Históricos
São doze os livros históricos, eles compreendem de Josué a Ester. Recebem o nome de históricos por contar a história do povo de Israel desde a entrada na terra prometida, a divisão da herança pelas tribos, dos juízes, dos profetas, a instituição da monarquia até a reconstrução das muralhas de Jerusalém após o cativeiro babilônico.
Os livros são: Josué, Juizes, Rute, 1 e 2 Samuel, 1 e 2 Reis, 1 e 2 Crônicas, Esdras, Neemias e Ester.
 

Livros Poéticos
Por seu linguagem poética e o apelo emocional, são assim conhecidos. Os livros poéticos discutem o porque das coisas, ensinam a enfrentar as circunstancias da vida, além de incentivar a viver corretamente com Deus.
Os livros são: Jó, Salmos, Provérbios, Eclesiastes e Cantares.
 

Profetas Maiores e Menores
Esta seção do antigo testamento registra a ação dos profetas. A posição no cânon, logo após os poéticos, não diz respeito ao tempo cronológico em que cada profeta atuou. A mensagem dos profetas dizia respeito a viver corretamente com Deus. Os profetas ensinavam e exortavam o povo a obediência e observância das leis de Deus.
Os livros são:
Maiores: Isaías, Jeremias, Lamentações, Ezequiel, Daniel
Menores: Oséias, Joel, Amos, Obadias, Jonas, Miquéias, Naum, Habacuque, Sofonias, Ageu, Zacarias, Malaquias.
 

Novo testamento
O novo testamento representa um grande salto em relação a revelação de Deus (ou das coisas de Deus) em relação a nós. Através dos ensinamento de Jesus temos maior conhecimento da vontade de Deus, assim como o maior exemplo para todos nós. Os livros do Novo testamento apresentam o nascimento e obras de Jesus, narra o início dos cristão, a igreja primitiva e termina com a revelação do arrebatamento e os últimos dias.
 

Evangelhos
A palavra é derivada do grego euangelion que significa “boas novas”. São assim chamados para definir o ministério de Jesus sobre a terra. Esta seção de 4 volumes relata o ministério de Jesus sobre a terra.
Os livros são: Mateus, Marcos, Lucas e João
 

Histórico
Esta seção é composta pelo livro de Atos dos apóstolos. Este livro narra os acontecimentos após Jesus e também as ações dos apóstolos na propagação do evangelho. Também chamada de igreja primitiva.
 

Epístolas Paulinas
São cartas ou epístolas de autoria do apóstolo Paulo. O objetivo é ensinar e orientar sobre questões da vida dos cristãos daquele tempo. Falam da importância de Cristo e também do arrebatamento.
Os livros são: Romanos, 1 e 2 Coríntios, Gálatas, Efésios, Filipenses, Colossenses, 1 e 2 Tessalonicenses, 1 e 2 Timóteo, Tito, Filemon.
 

Epístolas Gerais
Tem o mesmo propósito das epístolas paulinas, no entanto, com diversos autores. Cada um da sua forma, mas todos guiados pelo Espírito Santo orientaram sobre questões difíceis da vida.
Os livros são: Hebreus, Tiago, 1 e 2 Pedro, 1, 2 e 3 João, Judas.
 

Revelação
Indiscutivelmente o livro mais polemico de toda a Bíblia. Neste livro o apóstolo João registra sua revelação sobre os últimos dias. O arrebatamento, o aparecimento do Anti-cristo, a grande tribulação, a volta de Cristo e o Julgamento final.
 

A unicidade do texto bíblico
É indissociável o antigo testamento do novo testamento. Em qualquer que seja o estudo bíblico é possível notar claramente o mesmo testemunho em ambos os testamentos. A mensagem da bíblia é sempre a mesma não importa em qual seção da bíblia está sendo observada.
Logo no início da narrativa bíblica, em Gênesis cap. 4, é contada a história de como Caim mata Abel após Deus haver aceitado a oferta de Abel. No verso 7, Deus diz a Caim: “Se procederes bem, não é certo que serás aceito? E se não precederes bem, o pecado jaz a porta, e sobre ti será o teu desejo, mas sobre ele deves dominar.” Logo após o pecado, Deus procura Caim e da a ele a chance de recomeçar; ainda diz que, mesmo que o pecado esteja por perto, é preciso dominá-lo. Note que aqui Deus não tem a intenção de punir Caim, e sim de conduzi-lo ao arrependimento.
O profeta Joel, registra no verso 13 do capítulo 2 a seguinte instrução: “Rasgai o vosso coração, e não as vossas vestes, e convertei-vos ao SENHOR, vosso Deus, porque ele é misericordioso, e compassivo, e tardio em irar-se, e grande em benignidade, e se arrepende do mal.” Aqui está claramente a mesmo doutrina encontrada em gênesis (3:7); o profeta Joel instrui ao arrependimento, era costume rasgar as roupas em grande angustia ou em sinal de arrependimento, mas o profeta ensina que o coração deve ser rasgado e não somente as roupas, em outras palavras podemos afirmar que Deus está realmente interessado é, em um coração verdadeiro.
Em terceiro lugar vale citar o texto que serve de base para a doutrina da justificação do apóstolo Paulo, que é o texto de Habacuque cap 2 verso 4 quando diz: “(...) mas o justo viverá pela sua fé.” O Dr. Sheed contribui com a interpretação deste verso dizendo: “(...) a confiança em Deus traz a vida (…). O homem foi e sempre será salvo pela graça mediante a fé.3” Vemos que em pleno cumprimento da lei (Antigo testamento), não somente como regra religiosa, mas também civil, o povo é ensinado sobre a importância e superioridade da fé.
Jesus por muitas vezes citou o Antigo testamento, por exemplo em Mateus 24:34 “Pois assim como foi nos dias de Noé, assim será a vinda do Filho do homem” e Lucas 11:30 “porquanto, assim como Jonas foi sinal para os ninivitas, também o Filho do homem o será para esta geração.” Até mesmo o dia de pentecostes, tão citado pelos evangélicos de orientação pentecostal, a justificativa para este acontecimento, foi o conhecimento do apostolo Pedro sobre um texto do Antigo testamento (Joel 2:28 e 29), a saber, Atos 2:16-17 “Mas isto é o que foi dito pelo profeta Joel: E acontecerá nos últimos dias, diz o Senhor, que derramarei do meu Espírito sobre toda a carne; e os vossos filhos e as vossas filhas profetizarão, os vossos mancebos terão visões, os vossos anciãos terão sonhos;”
Apesar de toda a complexidade aparente do texto bíblico podemos notar claramente a unicidade na doutrina da salvação apresentada no Antigo e Novo testamento. A contribuição do Dr. Sheed esclarece ainda mais esta questão, quando afirma que todo o homem é salvo apenas pela fé.
Muitos outros exemplo poderíamos acrescentar para argumentar sobre as ocorrências correspondentes entre o Antigo e Novo testamento, no entanto, acredito que os exemplos citados acima são suficientes para lançar luz sobre o tema e excluir qualquer dúvida quanto a unicidade do texto bíblico.
 

Conclusão
É espantoso observar que o Antigo testamento é desprezado em nossas igrejas. A maioria dos pastores parecem não compreender a importância de todo o livro sagrado. Existem comentaristas que dizem que se o antigo testamento for trocado por páginas em branco, poucos notariam a diferença em suas bíblias.
A bíblia é a revelação de Deus para o homem. Não podemos resumi-la ao novo testamento, ou simplesmente pensar que a utilização do novo testamento no culto público é o bastante, sabemos que Deus se revela ao homem através da sua palavra. Quando dizemos “palavra” não está sendo resumido o novo testamento, mas sim, toda a narrativa bíblica.
No decorrer deste trabalho, foi destacado o fator histórico da bíblia, assim como o desenvolvimento histórico, que tem início no antigo testamento e plena continuação no novo testamento. Teologicamente falando não é impossível compreender o novo testamento sem compreender o antigo; um testamento, se torna sem valor se omitido o conteúdo do outro. De que adianta profecias se elas não se cumprem.
Doutrinariamente não existem dissociação entre o ensino no Antigo e Novo testamento. Tudo o que foi ensinado no Antigo continua sendo necessário no Novo. Os preceitos da religião judaica (judaísmo) não se aplicam ao cristianismo, no entanto, isto não quer dizer que o Novo testamento anula o Antigo, e sim que o sacrifício de Jesus cumpre o Antigo testamento e nos da a oportunidade de ter acesso a Deus. Jesus mesmo declara que veio para cumprir a lei quando diz: “Não penseis que vim destruir a lei ou os profetas; não vim destruir, mas cumprir.” (Mateus 5:17).
Através do argumentos acima apresentados, podemos determinar que não é apenas recomendado, e sim essencial a pregação no antigo testamento. Visto que ele também representa a revelação da vontade de Deus para todos, está repleto de experiencias de homens e mulheres com Deus; além de conselhos para a vida tão atuais como se estivessem sendo escritos nos dias de hoje. Não existe a menor evidencia bíblica para o desprezo do antigo testamento ante ao novo. Nem no conteúdo bíblico (testemunho de Jesus e dos Apóstolos), nem quanto aos pais da Igreja (Tertuliano, Agostinho), nem por Jerônimo (autor da Bíblia Vulgata), nem dos reformadores (Lutero e Calvino) para tal prática.
Outrossim, cabe a nós receber Bíblia como a palavra de Deus, sagrada, única, completa e indissolúvel. O qual temos acesso até hoje unicamente pela vontade de Deus.

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Referências Bibliográficas

  • Dicionário da Bíblia de Almeida – 2a Edição - Ed. Sociedade Bíblica do Brasil
  • CHEUNG, Vicent. Teologia Sistemática 2003 - Reformation Ministries International - PO Box 15662, Boston, MA 02215, USA - Versão em português publicada online no site monergismo.com
  • RODRIGUES, Jair José. A pessoa de Jesus no Antigo Testamento - Ed. CPAD
  • MEISTER, Mauro. Pregação no Antigo Testamento: É mesmo necessária? - Revista Fides Reformata Edição 1/1 1996 - Publicado por Instituto Presbiteriano Mackenzie
  • DAVIDSON, F. O Novo Comentário da Bíblia. Editora Nova Vida, 1997
  • Jornal Estadão. Edição on Line, “Arqueólogos afirmam ter encontrado a Arca de Noé na Turquia”. disponível em "www.estadao.com.br"
  • Bíblia de Estudo NTLH, Sociedade Bíblica do Brasil, Ed. Sbb 2009
  • SHEED, Russel P; Bíblia Sheed, Ed. Nova Vida, 2007

 




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